SILÊNCIO: Assembleia Legislativa continua sem agir contra indícios de corrupção

Primeiro, Lebrão é flagrado recebendo propina; já neste ano, Jhony Paixão é acusado de rachadinhas e Casa de Leis nada faz contra ambos
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Passados quase dois meses da operação “O Chamado”, que teve como principal alvo o deputado estadual Jhony Paixão (Republicanos), a Assembleia Legislativa de Rondônia continua sem tomar nenhuma atitude contra o parlamentar.
A Polícia Civil investiga irregularidades supostamente cometidas pelo cabo da Polícia Militar, que envolvem a locação de veículos, emenda para reforma de escolas militarizadas e a prática de rachadinhas (pegar parte dos salários dos assessores), que fazem parte da investigação que está sob sigilo do Ministério Público Estadual.
No dia 14 de janeiro, investigadores da Delegacia de Repressão de Ações Criminosas (Draco) visitaram o gabinete de Jhony Paixão em Porto Velho, além de endereços em Ji-Paraná, incluindo uma escola pública.
Segundo fontes da própria Polícia Civil, dezenas de pessoas já foram ouvidas no inquérito.
Por outro lado, Jhonny Paixão se movimenta para ser candidato à reeleição, pois não há condenação contra ele. Em nota oficial, o deputado afirmou que é inocente, além de ser uma campanha difamatória de inimigos, já que ele foi sondado para também ser candidato a vice-governador.
Fã do presidente da República, Jhony Paixão chegou a dar uma medalha de honra ao mérito a Jair Bolsonaro durante a inauguração da ponte sobre o Rio Madeira, que liga Rondônia ao Acre.
De boas
Quem também conta com o corporativismo dos colegas de parlamento e o possível esquecimento do eleitor é o deputado Lebrão (MDB), flagrado pela Polícia Federal recebendo propina em dinheiro, no valor de R$ 40 mil reais.
Mas em processo aberto na comissão de ética da própria ALE, Lebrão foi absolvido sob a Presidência de Jhony Paixão e relatório de Eyder Brasil (União Brasil). O documento foi divulgado em junho do ano passado.
Contando com a boa vontade de colegas, Lebrão sonha com a Câmara Federal em Brasília (DF)
No final de setembro de 2020, a Operação Reciclagem investigou um consórcio de municípios que lidaria com a questão ambiental. A entidade chegou a instalar um aterro sanitário na cidade de Novo Horizonte, na Zona da Mata de Rondônia, mas o empreendimento era cheio de falhas, por isso não conseguia tratar e dar destinação correta aos resíduos enviados pelas respectivas cidades.
Gislaine Lebrinha, filha de Lebrão que presidia o consórcio, resolveu encerrar o contrato da entidade, que reúne mais de 40 municípios e buscar uma nova empresa para executar o serviço. E foi aí que começaram as negociações com uma empresa de Vilhena.
Numa reunião marcada pela filha, em um restaurante de Cacoal, Lebrão já chegou apresentando a conta ao empresário que, depois, se tornaria delator do esquema: exigiu R$ 2 milhões, divididos em 20 parcelas de R$ 100 mil. Diante do espanto do empresário, ele explicou que sua firma ganharia muito dinheiro.
Numa conversa tensa, o valor inicial, que seria usado na campanha de Lebrinha para deputada federal em 2022, teria sido reduzido para “apenas” R$ 1,5 milhão, mas o valor das parcelas foi mantido: 15 de R$ 100 mil.
No dia do pagamento da primeira “prestação” do acordo, em fevereiro de 2020, o empresário alegou que, por ser um valor muito alto, não havia conseguido juntar os R$ 100 mil.
Gislaine Lebrinha, ex-prefeita de São Francisco do Guaporé, teria cobrado com o pai Lebrão, R$ 1,5 milhão em propinas
Depois de muita discussão, fica combinado que o dinheiro será entregue dentro de um hotel em São Francisco do Guaporé, cujo dono é irmão da então prefeita. Esperta, a mandatária evita o estabelecimento e convida o delator para um passeio em seu carro.
Como o empresário estava gravando a conversa em áudio, Lebrinha explica que no hotel tem câmeras, ao que o interlocutor reage: “tô ficando velho e burro”. Gislaine responde: “tá nada”. E os R$ 40 mil são pagos dentro do veículo.
Se entregou
No início das investigações, a PF chegou a cogitar que o deputado José “Lebrão” fosse apenas um representante da filha no esquema, mas em duas ocasiões, quando ele acompanhou o recebimento da propina, em 28 de maio e 02 de julho de 2020, ficou caracterizada sua participação ativa no crime.
Em um encontro na sede da empresa do delator, em Ji-Paraná, Lebrão chega de bermuda e numa caminhonete que, segundo apurou a PF, pertence à frota da Assembleia Legislativa.
Depois de receber mais uma “mensalidade” de R$ 40 mil, o parlamentar guarda os maços de dinheiro numa sacola plástica, cena captada pelas imagens instaladas no escritório onde aconteceu o encontro.
Vídeo da Polícia Federal mostrando Lebrão recebendo 40 mil reais em dinheiro; Depois, agentes da PF encontraram dinheiro no forro da casa da filha
Todas as notas entregues foram digitalizadas pela PF antes da reunião dele com o empresário vilhenense, para que pudessem rastreadas depois. A prisão do deputado chegou a ser pedida, mas o Tribunal de Justiça de Rondônia negou.
Depois das buscas, viu-se que parte do dinheiro apreendido no forro da casa de Lebrinha coincidia com as cédulas digitalizadas na PF antes das entregas pelo empresário.
Futuro
Hoje, corre a notícia nos bastidores da política rondoniense que José Lebrão é pré-candidato à deputado federal e a filha, a prefeita que perdeu o mandato, Gislaine Lebrinha, deve ocupar o lugar do pai na Assembleia Legislativa.
Fonte: Rondoniaovivo

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