Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019, com estatísticas relativas à orientação sexual da população brasileira.
De acordo com a PNS, em todo o Brasil, quase 3 milhões dos 159 milhões de brasileiros com mais de 18 anos declararam serem homossexuais ou bissexuais, o que correspondeu a 1,8%, e 5 milhões (3,4%) de pessoas recusaram a responder à pergunta ou disseram que não sabiam.
O percentual de pessoas que informaram serem homossexuais ou bissexuais variou de 0,6% em Tocantins e 2,9% no Distrito Federal.
Em Rondônia eram 1,2 milhão de habitantes maiores de idade, sendo que 24 mil (1,9%) declararam serem homossexuais ou bissexuais e 81 mil (6,4%) recusaram a responder ou falaram que não sabiam.
O índice de 91,6% de pessoas que declararam serem heterossexuais foi o menor do país e a representante do instituto acredita que ainda há muito medo que as pessoas assumam a sexualidade para outras.
“O número daqueles que não quiseram responder pode estar relacionado ao receio do entrevistado de se autoidentificar como homossexual ou bissexual e informar para outra pessoa sua orientação sexual”, analisa a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
A psicóloga e ativista dos direitos da mulher, Anne Cleyane, também concorda com a afirmação.
“Idade e classe social são dois fatores determinantes para que as pessoas se assumam. Isso mostra que as pessoas que se sentem mais seguras, já tem uma certa independência. A sociedade ainda carrega estigma e insegurança em quem depende da família ou de terceiros fazendo com que muitos se recusem a se declarar homossexuais”.
Já na maior cidade, que é a capital Porto Velho, apenas 8 mil assumiram serem gays ou bissexuais em pesquisaFoto: Daiane Mendonça/Governo de Rondônia
Detalhes
Já em Porto Velho, 95,1% dos 374 mil habitantes com mais de 18 anos responderam serem heterossexuais; 2,1% (8 mil pessoas) informaram serem homossexuais ou bissexuais e 2,8% (11 mil pessoas) não quiseram responder ou falaram que não sabiam.
A resposta foi auto declaratória e a estimativa é divulgada em caráter experimental e tem intervalo de confiança de 95%.
“Em Rondônia as pessoas ainda tem uma certa dificuldade de lidar com a naturalidade dessas questões. Figuras públicas precisam negar sua sexualidade para não serem acusadas de promíscuas ou que são contra a família. É comum ouvir falas que dizem que os homossexuais queiram obrigar as outras a aceitarem isso como normal. As estatísticas de assassinato de pessoas trans também contribuem muito com essa situação”, comentou Anne Cleyane.
A psicóloga ainda aponta que os homossexuais precisam demonstrar mais que os outros o quanto são dedicados e preparados em suas áreas de atuação.
“Pessoas LGBTQIA+ são colocadas às margens da sociedade rondoniense. Ao se assumir, o indivíduo precisa passar por uma grande batalha psicológica e social, precisando vencer estigmas. Muitas vezes precisam provar o caráter e competência para poder viver plenamente com seus direitos garantidos. Na prática, se assumir LGBTQIA+ em Rondônia requer muita energia e estrutura psicológica. Por isso, muita gente prefere simplesmente omitir o fato ou até mesmo negar a si mesmo”.
Fonte: Rondoniaovivo