Enquanto os trios elétricos preenchiam as ruas do Brasil afora com muito axé e marchinha no Carnaval 2020, “Love me back to life”, música de Céline Dion, explodia em Porto Velho. Mas, não era a versão romântica, lançada em 2013, que bombava no carnaval de rua da capital rondoniense. A música ganhara um ritmo diferente e a Av. Pinheiro Machado, no centro da cidade, era tomada pelo famoso e popularmente conhecido “noiadence”.
“Produzir o Dutch House não é uma tarefa fácil. Exige empenho, criatividade e muita paciência para conseguir criar algo envolvente a cada remix”, explicou os produtores e djs do Canal Remix – canal no YouTube dedicado ao estilo musical -, em entrevista ao G1.
Segundo os djs e produtores Lucas Ferraz, Kelvin Douglas, Yuri Lorenzo e o administrador do Canal Remix, Carlos Eduardo, a vertente eletrônica chamada “Dutch House” nasceu em 2009 e ganhou força em Rondônia no ano seguinte, em 2010. “Um produtor conhecido como Yvan Serano adaptou o estilo com elementos mais envolventes como Moombahton, Latin House e Funk”.
Noiadence?
O ritmo, que foi apelidado pelos portovelhenses de “noiadence”, mas também é conhecido como “leskerray”, chegou primeiro no coração dos moradores da Zona Leste e Sul de Porto Velho. Marginalizado por vários, durante muitos anos, a vertente de música eletrônica era uma das principais características das festas dessas regiões.
“Assim como o funk, o dutch também tem seu local de identidade. Apesar de muitos acharem que só os bairros periféricos preferem ouvir o dutch house, é perceptível que a vertente abrange lugares mais extensos do estado e do Brasil”, disseram.
Nos últimos anos, o “noiadence” chegou na região central da capital rondoniense. No carnaval, nas festas juninas e em festas de finais de ano, o ritmo encontrou espaço em todas as regiões e é um dos estilos mais pedidos nas festas da cidade.
“O povo de Rondônia precisa mais do que nunca valorizar o que é daqui, pois o Dutch House é muito elogiado pelas pessoas de outros estados e países”, disseram os produtores e djs.
Hino de Porto Velho?
Criar novas batidas para hits que já estão em alta é uma das marcas do noiadence, além de aproveitar sucessos adormecidos. De acordo com os produtores do Canal Remix, as músicas de maior sucesso nas plataformas de streaming ganham força em Porto Velho quando viram um remix.
“Geralmente fazemos remix das músicas que são de maior sucesso nas plataformas de streaming. O trabalho vale muito a pena quando conseguimos os resultados esperados e a satisfação do nosso público”.
Com mais de 350 mil visualizações no YouTube, o remix da música “Major Lazer – Be Together”, produzido pelo DJ Guilherme Morais, é um dos maiores sucessos do Canal Remix e das festas de Porto Velho e é chamado por muitos de “Hino de Porto Velho”. O “Tey tey” entoado pelos portovelhenses no refrão da música, anima os produtores, que já planejam mais remixes.
“Quase todos os dias somos surpreendidos com memes e vídeos do público aqui do estado de Rondônia considerando diversas músicas que produzimos como “Hinos de Porto Velho”. Ficamos lisonjeados e muito felizes com essas atribuições, que servem como um incentivo para continuar produzindo novos remixes”.
Direitos autorais
Além das músicas internacionais, sucessos nacionais também fazem parte da lista de remixes produzidos pelo grupo. Yuri Lorenzo, editor do canal, explicou como a equipe faz quanto aos direitos autorais.
“Infelizmente algumas músicas acabam sendo excluídas por conta dos direitos autorais. Mas muitas delas são produzidas de acordo com a política de direitos autorais, que nos permite de postar e produzi-las tranquilamente. Algumas vezes reivindicamos a denúncia feita pelo detentor do copyright da música e em torno de 30 dias eles fazem a liberação novamente pra gente”, explica.
Canal Remix
Atualmente o Canal Remix conta com oito integrantes, entre DJs, produtores e editores, sendo: Yuri Lorenzo, Lucas Ferraz, Tortinho PVH, Kelvin Douglas, Erikson Vieira, Diogo Pacciny, Thiago Rodrigues e o administrador Carlos Eduardo.
“O Canal Remix foi criado por Carlos Eduardo, um grande admirador do Dutch House, ele baixava os CDs dos DJs que tocavam nas noites de Porto Velho e postava as faixas no YouTube”, explicou Yuri.
Com a pandemia, o administrador do canal passou a ter contato direto com DJs e produtores e assim o canal cresceu de forma exponencial. Lives beneficentes foram realizadas e ao todo e acumulou mais de 150 mil visualizações. Além disso, de acordo com Carlos Eduardo, mais de duas toneladas de alimentos foram arrecadados e doados para famílias carentes dos bairros periféricos da capital.
Fonte: G1