Um morador de Auriflama (SP) reivindicou os mais de R$ 35 mil que foram encontrados no fundo falso de um cofre deixado como sucata na Associação de Papel, Papelão e Materiais Recicláveis de Araçatuba (Acrepom).
“O dono ainda não foi localizado, mas apareceu uma pessoa dizendo que viu reportagens e que o cofre possivelmente é dela. Ela foi vítima de um roubo registrado em 2018”, afirmou ao G1 o delegado responsável pelo caso, Abelardo Gomes.
O cofre, que estava danificado e com a porta arrombada, foi descartado pela Polícia Civil e entregue para virar sucata depois de ficar por dois anos na delegacia. O dinheiro foi encontrado pelo catador Manoel de Sá, de 63 anos.
Em entrevista ao G1, o catador afirmou que foi mexer no cofre para utilizá-lo como suporte de uma pia improvisada e encontrou o dinheiro.
“Fiquei apavorado e comecei a gritar. Nunca tinha visto tanto dinheiro em espécie na minha vida. Eu olhei e tinham pacotes e pacotes”, contou.
Os funcionários da cooperativa de recicláveis de Araçatuba devolveram o cofre e a quantia para a Polícia Civil, que começou uma investigação para encontrar o dono.
De acordo com o delegado, o morador que procurou a delegacia para reivindicar a quantia apresentou uma chave que seria do objeto.
“Estamos averiguando se o cofre é realmente da pessoa que procurou a delegacia. Nós encaminhamos a chave para a perícia para ver se realmente bate. Enfim, estamos aguardando para ver quais atitudes tomar”, explicou o delegado.
Dinheiro foi devolvido pela associação para a Polícia Civil — Foto: Arquivo Pessoal
Afinal, como o cofre foi deixado para sucata?
Ao G1, o coordenador da Central de Polícia Judiciária de Araçatuba, Paulo César Cacciatore, explicou que o cofre foi encontrado no bairro Jussara, no ano de 2018, depois de uma denúncia anônima.
O objeto foi recolhido, levado para o 3º Distrito Policial e transferido para a Central de Polícia Judiciária em 2019, ano em que houve a unificação das delegacias de Araçatuba. Ele foi codificado e ficou guardado em um depósito.
“Via de regra, não sei se é o caso, recuperamos um cofre furtado, mas a vítima não vai atrás. Elas largam e temos que ficar insistindo para buscarem. Para a delegacia, aquilo é um verdadeiro estorvo”, explicou Paulo.
Segundo o delegado, uma limpeza nesse e em outros objetos apreendidos em ocorrências foi realizada. O cofre, então, foi levado para virar sucata. A decisão foi tomada depois de a polícia analisar boletins de ocorrências e não encontrar o dono.
“Se recebo uma ocorrência de um cofre, eu vou tentar encontrar a ocorrência original que pertence a um furto ou roubo, mas se eu não localizar, ele vai ficando. Eu já cuidei de casos que só faltou colocar o cofre na viatura e entregar na casa da pessoa, porque ela não vem buscar”, afirmou o delegado.
Incêndio na Associação que recebeu o cofre
Em junho deste ano, a Associação que recebeu o cofre foi atingida por um incêndio que destruiu grande parte do galpão e equipamentos usados diariamente pelos catadores. Não houve registro de vítimas.
Um inquérito foi instaurado para investigar o caso. Menos de um mês depois, um laudo apontou que o incêndio foi provocado de forma criminosa.
Segundo a Polícia Civil, os peritos identificaram três focos diferentes, que não estavam interligados. O suspeito de cometer o crime ainda não foi localizado.
FONTE: G1