O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,3% em julho, segundo divulgou nesta sexta-feira (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta foi puxada pelos combustíveis.
Em junho, a alta havia sido de 0,02%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 0,67% e, nos últimos 12 meses, a variação acumulada é de 2,13%, acima dos 1,92% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2019, a taxa havia sido de 0,09%.
IPCA-15 — Foto: Economia/G1
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco apresentaram alta em julho, sendo que o maior impacto (0,22 ponto percentual) e a maior variação positiva (1,11%) vieram dos Transportes, que teve alta após quatro meses de quedas.
O segundo maior impacto (0,08 p.p.) veio de Habitação, que registrou 0,5% de variação. Também tiveram elevação de preços os Artigos de residência (0,68%), a Saúde e cuidados pessoais (0,4%) e a Comunicação (0,46%).
Já entre as quedas, os destaques foram Vestuário (-0,91%) e Alimentação e bebidas (-0,13%). Os demais grupos com deflação foram as Despesas pessoais (-0,23%) e a Educação (-0,07%).
Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados pelo IBGE:
- Alimentação e bebidas:-0,13
- Habitação: 0,50
- Artigos de residência: 0,68
- Vestuário: -0,91
- Transportes: 1,11
- Saúde e cuidados pessoais: 0,40
- Despesas pessoais: -0,23
- Educação: -0,07
- Comunicação: 0,46
Transportes e habitação pesaram na alta
Os Transportes em julho foram impactados pela alta nos preços dos combustíveis (4,4%). Após quatro meses consecutivos de quedas, a gasolina subiu 4,47%. O etanol (4,92%), o óleo diesel (2,5%) e o gás veicular (0,01%) também registraram variações positivas. Houve alta também no subitem metrô (2%), decorrente do reajuste de 8,7% nas passagens do Rio de Janeiro (7,30%), que entrou em vigor no dia 11 de junho.
Por outro lado, o transporte por aplicativo (-11,98%) e a passagem aérea (-4,16%) tiveram queda, bem como táxi (-0,1%), cujo reajuste que havia ocorrido em janeiro no RJ (-0,47%) foi cancelado a partir de 22 de maio.
Já a Habitação teve a influência, principalmente, dos reajustes na energia elétrica (1,03%) em sete regiões metropolitanas. Houve queda de 1,39% em Curitiba e alta em seis locais, que variaram de 0,28% em Porto Alegre até 5,15% em Fortaleza. Já a variação na taxa de água e esgoto (0,13%) refletiu a alta de 2,77% em Brasília por conta da mudança de estrutura tarifária que foi implementada em 1º de junho.
Por outro lado, o custo do gás encanado caiu 0,08%, com a redução de 0,27% nas tarifas de São Paulo (-0,14%).
Vestuário e alimentação são destaques de queda
O grupo Vestuário apresentou o menor resultado (-0,91%) e teve o impacto negativo mais intenso (-0,04 p.p.) no índice de julho. Embora as joias e bijuterias (1,67%) tenham subido pelo segundo mês consecutivo, foram registradas quedas nos preços das roupas femininas (-1,32%), masculinas (-1,18%) e infantis (-0,59%), além dos calçados e acessórios (-0,88%).
O grupo Alimentação e bebidas apresentou queda de 0,13% em julho, após quatro meses consecutivos de altas. A alimentação no domicílio caiu 0,2%, influenciada pela redução nos preços de alguns tubérculos, raízes e legumes (-15,76%), como o tomate (-22,75%), a batata-inglesa (-20,70%), a cenoura (-18,60%) e a cebola (-7,09%). Além disso, o frango inteiro (-1,22%) e o ovo de galinha (-1,82%) registraram quedas mais intensas na comparação com junho (-0,67% e -0,68%, respectivamente).
A alimentação fora do domicílio (0,03%) desacelerou em relação a junho (0,26%). Enquanto o lanche passou de 0,82% para 0,20%, a refeição ficou praticamente estável, passando de 0,00% em junho para alta de 0,02% em julho.
Por outro lado, o leite longa vida subiu 3,61%, o arroz, 2,58%, e as carnes, 2,2%.
Curitiba registra maior inflação em julho
O maior índice foi observado na região metropolitana de Curitiba (0,76%), influenciado pela alta nos preços dos combustíveis (10,91%), em especial o etanol (15,16%) e a gasolina (10,39%).
Apenas a região metropolitana do Rio de Janeiro (-0,07%) apresentou deflação em julho. Esse resultado ocorreu especialmente por conta das quedas nos preços do tomate (-33,48%), da batata-inglesa (-28,91%) e do transporte por aplicativo (-15,94%).
Perspectivas e meta de inflação
A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central do governo para o IPCA, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% neste ano.
Segundo o relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, os analistas do mercado financeiro estima uma inflação de 1,61% em 2020.
Se a previsão for confirmada, será o menor patamar da inflação desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE), em 1995. O menor nível já registrado foi em 1998 (1,65%).
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2,25% – mínima histórica.
O BC revisou nesta quinta-feira a sua estimativa de inflação para 2020, de 2,6% para 2,4%. Em outro cenário, que considera taxa de juros (Selic) e câmbio estáveis, por sua vez, a previsão do Banco Central para a inflação oficial deste ano recuou de 3% para 1,9%.
FONTE: G1