Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 34,167 bilhões em 2020, queda de 50,6% frente a 2019, informou o Banco Central nesta quarta-feira (27).
Foi o menor ingresso de investimentos diretos na economia brasileira desde 2009 (US$ 31,480 bilhões), ou seja, em 11 anos, e ocorreu em meio ao tombo do Produto Interno Bruto (PIB) e à tensão nos mercados, causada pela pandemia do novo coronavírus.
Em 2019, o investimento estrangeiro no Brasil somou US$ 69,174 bilhões
Apesar da queda, os investimentos estrangeiros foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas no ano passado (leia mais abaixo).
Em dezembro do ano passado, o BC estimou que os investimentos diretos de estrangeiros no pais avançarão para US$ 60 bilhões em 2021 devido à “redução de incertezas relacionadas à pandemia – e, consequentemente, a um ambiente externo mais favorável para economias emergentes – e ao crescimento doméstico, que deve melhorar a lucratividade das empresas estrangeiras no Brasil.
Contas externas
As contas externas registraram um déficit de US$ 12,517 bilhões em todo ano de 2020, de acordo com números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (27).
Isso representa uma queda de 75,3% na comparação com o ano de 2019, quando o resultado negativo somou US$ 50,697 bilhões.
Esse também foi o melhor resultado para um ano fechado desde 2007, quando foi registrado um superávit de US$ 408 milhões. Ou seja, foi o melhor saldo em 13 anos.
O resultado de transações correntes, um dos principais do setor externo do país, é formado pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Em dezembro do ano passado, o BC estimou um aumento no rombo das contas externas para US$ 19 bilhões em 2021 devido ao “cenário de continuidade da retomada da atividade doméstica” e do “crescimento da demanda global e atenuação da intensidade das intervenções não farmacêuticas para contenção da Covid-19”.
Economia fraca e dólar alto
A queda no déficit das contas externas em 2020 está relacionada principalmente com a forte diminuição do nível de atividade, resultado da pandemia do novo coronavírus, e com a alta do dólar – que avançou cerca de 30% em 2020.
Esses fatores geraram melhora na balança comercial brasileira, um dos componentes das contas externas, devido a uma queda acentuada nas importações.
Além disso, também foi registrado um déficit menor nas contas de serviços e de renda, em razão do desaquecimento da economia mundial e do fechamento de fronteiras – este último fator contribuiu para o menor gasto de brasileiros no exterior em 15 anos em 2020.