Huck descarta candidatura à Presidência e confirma ida para o lugar de Faustão

Ele assumirá a faixa do Domingão do Faustão, após a saída de Faustão no fim deste ano
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O apresentador da TV Globo Luciano Huck, 49, afastou a possibilidade de se candidatar à Presidência em 2022, mas reiterou que continuará no debate político e não descartou disputar o cargo no futuro. Ele também confirmou que substituirá o também apresentador Fausto Silva na emissora.

 Em entrevista ao programa Conversa com Bial, da Globo, exibida nesta quarta-feira (16), Huck repetiu a justificativa de que nunca lançou candidatura, embora ele e aliados se movessem nessa direção nos bastidores. O comunicador já tinha sido cotado como presidenciável nas eleições de 2018.

“Eu nunca me lancei candidato a nada, então eu não estaria retirando candidatura a nada, porque eu nunca lancei candidatura”, disse ao apresentador Pedro Bial.

“Eu não saio mais do debate público. Vou estar no debate público para sempre. Gosto desta arena, do debate das ideias. Acho que a gente tem que que superar o que tanto nos atrapalha hoje em dia, que é essa divisão do país, essa polarização, essa raiva que se criou entre quem pensa diferente”, acrescentou.

O titular do Caldeirão do Huck falou que sua intenção de contribuir para “um país mais justo” poderá ser cumprida a partir do ano que vem com a migração para o horário nobre da emissora aos domingos. Ele assumirá a faixa do Domingão do Faustão, após a saída de Faustão no fim deste ano.

“Tenho certeza que eu posso contribuir muito para o país estando nos domingos da Globo e fazendo um programa que se conecte com as pessoas, que ouça as pessoas, que traga a esperança de volta e resgate nossa autoestima. Mas isso não quer dizer que eu esteja fora do debate público”, reforçou.

O recuo simboliza um abalo no conjunto de partidos e forças políticas que tentam fabricar uma terceira via no autodenominado centro (ou “centro democrático”) para as eleições de 2022, hoje polarizadas entre o postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ex-presidente Lula (PT).

O apresentador, que está engajado na articulação de uma alternativa aos dois polos, apareceu com 4% das intenções de voto em pesquisa Datafolha de maio, bem atrás do petista, que liderou, com 41%, e de Bolsonaro, o segundo colocado, com 23%.

Questionado por Bial se descarta a possibilidade de ser candidato a presidente no futuro, Huck respondeu: “Pedro, o futuro a Deus pertence. Eu nunca tive medo de nenhum desafio na minha vida. E eu quero contribuir”.

Sem mencionar pré-candidatos ao Planalto, Huck se esquivou de perguntas mais específicas sobre análise de cenário, sob a justificativa de que não é hora de debater o pleito ou nomes, mas ideias. “Dar nome aos bois seria fulanizar as soluções dos problemas. É jogar o debate numa vala mais rasa.”

O Brasil precisa de projeto. Como é que alguém pode querer ser candidato a presidente da República em qualquer tempo se não tem projeto, se não sabe o que vai fazer?”, afirmou ele, que se opõe ao governo Bolsonaro, mas sofre críticas por ter feito declarações que sugeririam seu apoio ao então candidato.

Huck revelou a Bial ter votado em branco em 2018. “Acho que naquela circunstância é o que eu deveria ter feito e fiz com bastante tranquilidade”, disse, sobre o embate entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).

“Dos dois candidatos que se apresentavam naquela época, eu não me sentia representado por nenhum dos dois. E achei melhor votar em branco. Foi o que eu fiz. Eu não me arrependo, eu votei em branco e votaria em branco de novo.”

Na sequência, contudo, e sem citar nomes, deu a entender que agiria diferente perante um novo dilema. “Neste momento, a gente não está falando sobre A ou B, sicrano ou beltrano. A gente está falando sobre quem defende a democracia e quem ataca a democracia. […] Eu estarei sempre, em qualquer tempo, do lado da democracia.”

O apresentador, que se descreveu como “um cara que não está na política”, comentou ainda a desistência da candidatura em 2018. Para ele, não seria um gesto responsável entrar na disputa naquela vez.

“Em 2018, eu disse não [à candidatura] porque o sistema estava sofrido, o establishment estava derretido. Talvez tivesse uma oportunidade ali. Mas eu não consigo enxergar um cargo dessa responsabilidade, desse tamanho, como uma oportunidade. Isso seria uma irresponsabilidade”, afirmou.

O apresentador disse ainda que continuará em um “projeto de cidadania ativa”, incentivando ideias e iniciativas como as organizações que pregam renovação política apoiadas por ele nos últimos anos, entre elas o movimento Agora! e a escola de formação de novos candidatos RenovaBR

“Adoro reunir ideias, reunir pessoas, propor coisas, propor solução. Eu continuo na trajetória que eu sempre estive. A minha trajetória até hoje não foi partidária nem eleitoral. Ela foi política, porque a política é o que transforma. Nessa política eu acredito, e é ela que a gente tem que ocupar”, afirmou.

Nesse sentido, continuou Huck, a melhor contribuição que pode dar agora é como cidadão, “não como candidato a nada”. E completou: “Não é um projeto personalista, meu, ou um projeto político, partidário. Não. É um projeto de cidadania ativa”.

Nacionalmente conhecido –o que é uma característica desejável para qualquer interessado na corrida ao Planalto–, o comunicador costuma destacar a bagagem que adquiriu nas viagens que faz pelo Brasil para gravações de entrevistas com anônimos e quadros de seu programa vespertino.

“Estou há 21 anos na TV literalmente rodando o país inteiro por causa do Caldeirão e isso me colocou diante de uma realidade muito forte, que é a realidade deste país”, disse na entrevista desta quarta a Pedro Bial. “Acho que conhecer essa realidade do país me fez tentar buscar soluções.”

A decisão de se afastar do rol de presidenciáveis para 2022 foi resultado de uma soma de fatores, segundo pessoas próximas a Huck. Além da possibilidade de comandar um horário nobre e rentável aos domingos na emissora líder de audiência, pesou a conjuntura eleitoral, influenciada pela volta de Lula.

A decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que reabilitou o ex-presidente, em março, criou um obstáculo nos planos desenhados por entusiastas de Huck, que o viam como um nome de oposição a Bolsonaro que poderia penetrar em camadas historicamente simpáticas ao PT.

Apresentando-se como defensor de uma agenda liberal na economia e progressista na área social, o apresentador explorou em palestras, artigos e postagens de redes sociais nos últimos tempos um receituário híbrido, evitando rótulos como esquerda e direita, que considera ultrapassados.

Amigos também vinham ponderando questões pessoais que poderiam levar à retirada, como o fato de que a vida pessoal e familiar do apresentador ficariam ainda mais expostas do que já são, e reflexos na carreira de sua mulher, a também apresentadora Angélica –ela, no entanto, nunca vetou a ideia.

FONTE noticiasaominuto

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