Estudo preliminar aponta novo exame de sangue capaz de detectar dano cerebral em bebês horas após o nascimento

Teste detectou centenas de genes alterados em bebês que desenvolveram problemas neurológicos depois de ficar sem oxigênio durante o parto. Pesquisa foi publicada em revista científica do grupo 'Nature'.
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Um estudo ainda em fase preliminar publicado nesta terça-feira (4) aponta que um novo exame de sangue pode ser capaz de detectar, horas após o nascimento, alterações genéticas que indicam danos cerebrais em bebês.

A pesquisa, feita com 45 bebês na Índia, foi divulgada na revista científica on-line “Scientific Reports”, do grupo “Nature”, um dos mais importantes do mundo. O protótipo do exame foi elaborado por cientistas da Imperial College de Londres e de universidades da Índia, da Itália e dos Estados Unidos.

Todos os bebês que participaram dos testes sofreram com falta de oxigenação no parto – o que pode causar problemas como epilepsia, paralisia cerebral, surdez ou cegueira. Esses problemas, entretanto, podem ser difíceis de detectar precocemente, segundo os pesquisadores.

“Sabemos que a intervenção precoce é essencial para evitar os piores resultados em bebês após a privação de oxigênio, mas saber quais bebês precisam dessa ajuda e qual a melhor forma de ajudá-los permanece um desafio”, declarou Paolo Montaldo, primeiro autor do estudo, da Imperial College.

Os cientistas já sabiam que desvendar a expressão (ou ativação) de genes podia ajudar a entender mecanismos de outras doenças em crianças, como sepse e tuberculose pediátrica. Por isso, decidiram analisar geneticamente amostras de sangue dos bebês.

Assim, os 45 recém-nascidos tiveram o sangue coletado até seis horas após o nascimento. Depois, as amostras foram examinadas com sequenciamento de DNA de última geração, para determinar se havia algum gene que tinha sido “ativado” ou “desativado” nos bebês que desenvolveram problemas neurológicos em relação aos que não desenvolveram.

Os cientistas acompanharam os bebês por 1 ano e meio (18 meses) para verificar quais tiveram esses problemas e quais não.

A equipe descobriu que 855 genes foram ativados de maneira diferente entre os dois grupos, e que 2 deles tiveram a diferença mais significativa.

Entre as centenas de genes identificados, os cientistas perceberam que 523 deles estavam “superativados”, e que os outros 332 estavam “subativados” nos bebês que desenvolveram algum problema neurológico.

“Nosso estudo mostra que bebês que desenvolvem um resultado desfavorável têm um perfil de expressão genética específico quando comparados aos que têm resultado favorável”, dizem os pesquisadores no estudo.

“Os resultados desses exames de sangue nos permitirão obter mais informações sobre os mecanismos de doenças responsáveis por lesões cerebrais e desenvolver novas intervenções terapêuticas ou melhorar as que já estão disponíveis”, afirmou o professor Sudhin Thayyil, também da Imperial.

Agora, a equipe pretende expandir a pesquisa para incluir um número maior de bebês, e, também, para examinar o papel biológico dos genes que parecem mostrar a maior diferença entre os grupos.

Lesões

Os bebês analisados fizeram parte de um ensaio clínico com 408 récem-nascidos conduzido na Índia, Sri Lanka e Bangladesh entre 2016 e 2019, que examinou o uso de hipotermia (resfriamento extremo) para impedir lesões cerebrais em bebês causadas por falta de oxigênio durante o parto.

Segundo os pesquisadores, problemas neurológicos por falta de oxigenação no nascimento costumam ocorrer entre 2 e 3 vezes a cada mil bebês nascidos vivos nos países ricos. Nos países pobres, pode chegar a 20 vezes a cada mil nascidos vivos.

Na Índia, todo ano, entre 500 mil e 1 milhão de bebês sofrem por falta de oxigenação durante o parto. A complicação pode ocorrer por diversos motivos, incluindo falta de oxigênio no corpo da mãe, infecção ou problemas com o cordão umbilical.

FONTE: G1 

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