EMPATE: Polarização é a marca das eleições de 2022 que podem ser o novo UFC na política

Sem tanto jogo limpo e faltando um ano para eleições gerais, disputa entre direita e esquerda, volta aos campos, porém, com nomes alternativos ganhando força
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A política no Brasil está, cada dia mais, parecendo uma briga de torcida de futebol. Um verdadeiro final de campeonato onde torcedores fanáticos não se toleram e estão dispostos a partir para o tudo ou nada.
O que era para ser um espaço de discussão da democracia e um campo fértil para a troca de ideias que levassem o país a avançar na superação da pobreza, fome, analfabetismo, desemprego entre tantas outras mazelas, virou uma disputa de oposto.
Nessa disputa, uma palavra se popularizou quando o assunto é política, trata-se da polarização. Segundo o dicionário, o termo significa concentração em extremos opostos, isso vale para grupos, interesses, atividades e etc, mas que antes eram alinhados entre si.
No Brasil, essa polarização está entre grupos de direita e de esquerda. De um lado, os de direita que tem no presidente Bolsonaro a sua principal referência e são marcados pelos conservadorismos nas ideias.
Na outra ponta, estão os considerados de esquerda, que tem como principal representante o ex-presidente Lula. As ideias são mais progressistas, marcada pela defesa do forte papel do Estado na economia e políticas de mais inclusão da população menos favorecida na economia nacional.
Ainda nas eleições de 2018, na expectativa de tirar o PT do poder e tudo o que ele representava (apesar do presidente ser Michel Temer, ex-vice de Dilma Rousseff, que foi retirada do cargo), vieram uma enxurrada de notícias falsas (fake news), que inundaram, e continuam inundando, milhões de celulares pelo país com catástrofes se Jair Bolsonaro não fosse eleito.
Mais recentemente, vimos mostras desse embate que saiu das redes sociais e foi para as ruas. No dia 07 de Setembro (Dia da Independência), milhares de apoiadores do atual presidente fizeram protestos (com camisas e bandeiras verde-amarelas), proclamando o que seria a “segunda independência” do Brasil.
Poucos dias depois, em 12 de setembro, protestos da esquerda pediam a saída do atual mandatário do Governo Federal, mais emprego, vacinas e outros pedidos. Neste sábado, 2 de outubro, outra manifestação da esquerda está agendada para ocorrer, novamente, em todo o país.
O cientista politico João Paulo Viana afirma que o discurso antipetista está perdendo força no país
Embora essa polarização seja muito forte hoje, há atualmente um arrefecimento desse discurso antipetista que potencializou a chegada da extrema direita ao poder com Bolsonaro. O fracasso da Lava Jato e, até o momento, do governo Bolsonaro mostram isso. E a economia tem um papel fundamental. Segundo as pesquisas de opinião, mesmo que Bolsonaro ainda detenha cerca de 1/4 do eleitorado, o núcleo duro da extrema direita bolsonarista gira em torno de 10% a 12%. É também o que a ala mais radical da esquerda brasileira detém”, explicou o professor de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), João Paulo Viana.
Em Brasília
O que se percebe é que o centro da política brasileira, ficou no vácuo, e que o Centrão se tornou sinônimo de partidos pequenos que se vendem por cargos e estão sempre dispostos a apoiar que estiver na cadeira presidencial.
O professor da UNIR, advogado e doutor em Ciências Políticas, Afonso Chagas, é um estudioso da cena política nacional.  Para ele, a retórica da polarização traz uma carga ideológica que tem se prestado para algumas aventuras políticas, especialmente, vinculadas a modelos autoritários, de perfil de liderança, pretensamente, carismática.
Isso, segundo ele, demonstra que a nossa sociedade ainda tem muito o que amadurecer politicamente.
Na quadra política atual, a própria ideia de 3ª via indica nossa imaturidade política, sobretudo em relação à modelos democráticos, que deveriam suscitar, inclusive, uma maior pluralidade representativa, ante às multifaces dos contextos em que vivemos. Não há como polarizar a Constituição, e é ela, afinal, que organiza, condiciona e vincula o exercício do poder nas sociedades democráticas”, declarou.
Lula e Bolsonaro aparecem como os principais protagonistas da próxima eleição presidencial 
Perguntado se Lula é um representante do radicalismo na política nacional, ele não concorda com esse tipo de afirmação.
O discurso que radicaliza o governo Lula, é o mesmo que, sob o embalo da ideologização, pautada em temas reacionários e em grande parte inconstitucionais, assim o faz, justamente para garantir, no interior da sociedade esse espaço ou território de disputa pelo poder. E ainda, é muito difícil, sob vários ângulos, pautar o governo Lula como governo de esquerda, ou mesmo, categorizar de esquerda o Partido dos Trabalhadores”, avaliou.
Um fator que tem contribuído para o acirramento dessa polarização, são as posições radicais de muitos pastores evangélicos em relação à política. O professor Afonso Chagas avalia que essa influência religiosa na política brasileira tem causado mais estragos que benefícios.
Com toda certeza, a religião, na forma como tem sido instrumentalizada, prestou um grande serviço ao autoritarismo e um enorme desserviço à democracia e ao debate político. O Estado não pode impor uma tendência religiosa ou a crença de seu representante, assim como a sociedade não pode exigir do Estado, o alinhamento religioso de parte desta mesma sociedade. Tentativas assim, na história, ou na atualidade, sempre miram no ocaso da democracia, enquanto ferramenta de constituição do Estado”, afirmou.
Rixas
Outro que também não vê com bons olhos a polarização da política brasileira, é o pastor e psicólogo, Aluízio Vidal. Para ele, as pessoas estão misturando a política com a vida pessoal, fazendo com que todos percam.
Creio que o processo de polarização é natural na democracia, contudo, ele traz dois aspectos muito negativos. Um é que as pessoas levam para a vida pessoal os aspectos ideológicos, e a segunda é que as discussões políticas mais escondem os próprios defeitos do que manifesta propostas factíveis. Isso empobrece o processo político e cria fragilidade nas relações pessoais, o que já demonstra em si a fragilidade tanto de uma quanto das outras”, disse.
O pastor e psicólogo Aluizio Vidal alerta para as incoerências de algumas posições políticas 
Perguntado sobre como ele vê a influência de pastores evangélicos na vida política e defendendo discurso de ódio de desrespeito a Constituição do país. Ele respondeu que pode ser perigoso esses posicionamentos.
O Brasil se considera um país cristão e todas as vezes que, em qualquer situação, alguém se posiciona de forma contrária à essência do Cristo, passa a ser incoerente com a fé. Indivíduos assumirem posição ideológica é muito saudável. Instituições cristãs se identificarem com posições políticas de um lado ou de outro, correm o risco de serem incoerentes com o todo”, frisou.
Já a jornalista Luciana Oliveira declara que há um erro no uso do termo polarização política no Brasil.
Concordo com a corrente que alerta para o uso equivocado do termo polarização política. Não vivemos avanço ou fortalecimento de polarização política entre esquerda e direita no país. O que temos é a radicalização num campo político com a extrema-direita”, disse.
Para ela, o bolsonarismo, formado por apoiadores do atual presidente de República, está ameaçando as regras democráticas das quais se beneficiou, para manter-se no poder a qualquer custo, tendo o apoio de uma parcela considerável da sociedade.
A jornalista Luciana Oliveira afirma que não há polarização, mas um discurso de radicalização da extrema-direita no campo político
A radicalização é consequência de um grupo político de extrema-direta que chegou ao poder e quer implodir a ordem democrática. Querer resumir a disputa política com polos entre Lula e Bolsonaro é um equívoco de interpretação. Enquanto Lula se adequa ao regime democrático, Bolsonaro o ameaça. É civilidade x barbárie, democracia x autoritarismo e isso não se pode se resumir ao conceito de polarização que querem difundir”, comparou.
Para fugir da polarização entre Bolsonaro e Lula, alguns nomes se apresentam como terceira via, entre eles estão o gaúcho Eduardo Leite (PSDB) e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM), natural de Rondônia 
Nomes como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM – que inclusive é nascido em Porto Velho), começam a ganhar força para uma possível terceira via.
Para o professor João Paulo Viana, uma candidatura viável na eleição presidencial brasileira precisa convergir ao centro e fugir dos extremos do espectro ideológico.
Há espaço para a chegada de políticos de centro-esquerda  ou centro direita à presidência, assim como  ocorreu nos mais de vinte anos de disputa entre PT e PSDB.
O centro é um elemento fundamental numa eleição presidencial, e assim será em 2022. Importante ressaltar que essa polarização está muito mais presente nos valores, na sociedade. Não podemos afirmar que o PT fez um governo de esquerda radical, longe disso. E até mesmo Bolsonaro, ainda que faça um governo claramente de direita, não radicalizou porque as instituições não permitiram. Veja o papel do Legislativo e do Judiciário. Então, certamente, essa é uma polarização que está muito presente na sociedade, nos valores da sociedade brasileira”, destacou Viana.
Em Rondônia
Para o jornalista e colunista Sérgio Pires, a briga de torcidas (ou UFC se preferir) se transfere em parte para o estado, mas por aqui, a esquerda está bastante enfraquecida, após os escândalos de corrupção envolvendo membros do Partido dos Trabalhadores (PT).
A política muda constantemente, mas, nesse momento, não vejo, em Rondônia, confronto de extremos (direita e esquerda), na disputa eleitoral do ano que vem, tanto na disputa ao Governo quanto à Presidência. Os principais pretendentes na corrida pelo Governo são bolsonaristas: Ivo Cassol (PP, se puder concorrer), o governador Marcos Rocha (PSL) e o senador Marcos Rogério (DEM). Embora não haja pesquisas recentes, as últimas de que se tem notícia dão Bolsonaro disparado, na guerra pelo Palácio do Planalto. Talvez o único nome viável ainda, nos partidos mais à esquerda, numa disputa pelo maior cargo do estado, seja da ex-senadora Fátima Cleide”.
O jornalista Sérgio Pires avalia que em RO não há confronto entre esquerda e direita, pois os principais concorrente ao governo estadual são bolsonaristas 
Mas, faltando exatamente um ano para a eleição, Sérgio Pires ainda acredita que muitos cenários podem mudar ou desaparecer em Rondônia.
“Neste momento, é sempre bom lembrar que as nuvens da política mudam de lugar todos os dias, a disputa em Rondônia será direita contra a direita. E em relação à corrida presidencial, Lula ainda está muito, mas muito longe de reconquistar o eleitorado que já teve. Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro ganharia fácil no Estado. Mas ainda falta um ano para a eleição, é bom lembrar!”.
 Direito ao esquecimento 

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