Um dos principais desafetos do papa Francisco criticou nesta quinta-feira (22) suas declarações em defesa da união civil entre homossexuais, veiculadas em um documentário em cartaz na Festa do Cinema de Roma.
O cardeal Raymond Burke, expoente do clero ultraconservador nos Estados Unidos, disse em seu site que recebeu com “tristeza e preocupação” as palavras do líder católico sobre casais gays.
“Não correspondem ao ensinamento da Igreja, como está dito na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição”, afirmou Burke, que já chegou a insinuar que Francisco é “herege” por causa de sua postura mais aberta em relação a homossexuais e divorciados.
Para o cardeal americano, são “preocupantes o tumulto, a confusão e o erro causados entre os fiéis” pelas palavras do Papa, “assim como o escândalo que provocam, dando a falsa impressão de que a Igreja Católica tenha tido uma mudança de rota”.
No documentário “Francesco”, de Evgeny Afineevsky, Jorge Bergoglio não propõe nenhuma mudança na doutrina católica e defende que o casamento se dá apenas entre homem e mulher. No entanto, Francisco afirma que os homossexuais “têm o direito de ser parte de uma família”.
“Eles são filhos de Deus e têm o direito a uma família. O que é preciso fazer é criar a lei de união civil. Assim, eles são protegidos legalmente. Eu apoio isso”, diz o líder católico.
Embora não altere a posição da Igreja a respeito do casamento, a declaração é inédita para um papa, mesmo para Francisco, que já tinha defendido que gays e divorciados não podem ser excluídos da vida católica.
Aos 72 anos, Burke é o mais notório opositor declarado de Jorge Bergoglio e chegou até a insinuar que Francisco é “herege” por conta de sua decisão de permitir que paróquias liberem divorciados para comungar.
Além disso, o cardeal convocou um jejum contra o Sínodo da Amazônia, que propôs em 2019 a ordenação de homens casados na floresta, ideia depois rejeitada pelo Papa.
Mas Burke não é o único adversário declarado de Francisco no clero. Outro bispo dos EUA, Joseph Strickland, afirmou nesta quinta que as palavras do Papa sobre homossexuais são “perigosas e criam confusão”. “Existem forças do mal que gostariam de destruir a Igreja Católica”, declarou, em entrevista ao portal National Catholic Reporter. .
Fonte:Ansa