482 famílias de três cidades da Grande SP aguardam moradias após desapropriação de imóveis por causa de obra no Rodoanel

Elas tinham casas próprias em Mauá, Itapecerica da Serra e São Bernardo do Campo, mas imóveis foram destruídos para construção do trecho Sul do Rodoanel, entre 2007 e 2010. Dersa alega que vem pagando auxílio-aluguel.
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Mais de 482 famílias de três cidades da Grande São Paulo, aguardam há mais de dez anos por uma promessa de que teriam direito a novas moradias, após os imóveis onde moravam em Mauá, Itapecerica da Serra e São Bernado do Campo terem sido desapropriados por causa de uma obra do Rodoanel. Isso foi entre os anos de 2007 e 2010.

Dersa, empresa do governo estadual responsável por administrar a via, tinha firmado um compromisso de oferecer outras residências às pessoas que tiveram de deixar o local onde moravam nesses municípios para a construção do trecho Sul do Rodoanel.

Mas mais de uma década depois, a promessa não saiu do papel. A Dersa alega que está cumprindo com os compromissos assumidos, além de estar pagando o auxílio moradia para as famílias que ainda aguardam pelo atendimento habitacional definitivo.

A empresa informou ainda que está em processo de extinção, mas que o governo de São Paulo garantiu todas as obrigações assumidas pela Dersa para a viabilização dos reassentamentos restantes.

Rodoanel

 

Foto de arquivo mostra vista através de sobrevoo do Rodoanel Trecho Sul, que liga a cidade de Mauá até a rodovia Ayrton Senna, em São Paulo. Foto de julho de 2014 — Foto: Robson Fernandjes/Estadão Conteúdo/Arquivo

trecho Sul do Rodoanel foi inaugurado em 2010. Ele liga as rodovias Régis Bittencourt, Anchieta e Imigrantes e tem 57 km de extensão.

Mauá

 

Para construção deste trecho, foram necessárias várias etapas. Entre elas, a desapropriação de uma área conhecida como Jardim Oratório, em Mauá, onde mais de 390 pessoas que moravam em suas casas próprias viram as residências serem destruídas para a construção do trecho Sul do Rodoanel.

Na época, milhares de pessoas tiveram que deixar seus imóveis e procurar outro lugar para morar. O problema é que mais de dez anos depois da desapropriação, muitas famílias ainda não conseguiram um acordo e continuam com a situação indefinida.

“Eles falaram que, ou a gente aceitava uma indenização de um valor irrisório, que não tinha como a gente comprar nada, que era um valor de R$ 5 mil, R$ 7 mil. Era o que eles falaram que valia a nossa casa. Ou a gente optava em receber um apartamento ou uma casa numa unidade habitacional, CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano]”, disse Monaliza da Silva Barbosa, auxiliar administrativa. “Em contrapartida, enquanto não sair esse apartamento, essa casa, a gente vai pagar um auxílio pra vocês nesse valor, que seria de R$ 400”.

 

O auxílio que eles recebem é o mesmo há 11 anos: R$ 450. Valor insuficiente para pagar um aluguel. Para morar numa casa de quatro cômodos com outras cinco pessoas, a Alexsandra paga um valor maior: R$ 650 reais.

“E a casa ainda é insuficiente. Porque, na minha família, somos em seis”, disse Alexsandra Santos, operadora de máquina.

Foto de arquivo mostra vista através de sobrevoo do Rodoanel Trecho Sul, que liga a cidade de Mauá até a rodovia Ayrton Senna, em São Paulo. Foto de julho de 2014 — Foto: Robson Fernandjes/Estadão Conteúdo/Arquivo

Foto de arquivo mostra vista através de sobrevoo do Rodoanel Trecho Sul, que liga a cidade de Mauá até a rodovia Ayrton Senna, em São Paulo. Foto de julho de 2014 — Foto: Robson Fernandjes/Estadão Conteúdo/Arquiv

A Maria Aline também pagava mais de R$ 600 de aluguel. Só que, como perdeu o emprego no começo da pandemia de coronavírus, precisou se mudar com os dois filhos para uma casa de apenas dois cômodos, pagando exatamente o valor do auxílio aluguel.

“No momento, é o que eu posso estar pagando, porque, como não tenho condições de estar pagando um valor maior. Eu gostaria de estar dando uma condição melhor para os meus filhos”, disse Maria Aline Dias, vendedora autônoma.

Eles contam que já tentaram várias vezes conversar com a Dersa, que é responsável pela obra do Rodoanel e está em processo de extinção. Mas até a publicação desta reportagem não tiveram retorno.

“Quando a gente entra em contato com eles, eles falam que estão em parecer, que estão em tratativas com o governo. São anos esperando por algo”, disse Monaliza.

 

“A última vez, o que que eles acordaram, falaram que poderiam nos dar, reverter esse apartamento, em indenização”, falou a auxiliar.

A maioria das casas era mais simples. Mas eram deles, não pagavam aluguel. “A nossa situação, aqui, é desesperadora. Nós fomos abandonados. Nós fomos removidos dos nossos lares”, disse Alexandra. “Você tem a sua casa, vem alguém e tira você dali. Te joga na rua, na sarjeta.”

Itapecerica da Serra

 

Em Itapecerica da Serra80 famílias perderam suas casas em 2007 para a construção do trecho Sul do Rodoanel, segundo os moradores.

“Praticamente de mãos atadas. Só removeu nós e até agora nada”, disse o motorista José Elias Dias da Silva, um dos moradores, que reclama do atraso no pagamento do auxílio aluguel. “Não é pago todo mês”.

 

Em Itapecerica foram duas áreas desapropriadas, uma conhecida como chácara São Jorge, a outra, Jardim Campestre.

São Bernardo do Campo

 

Em São Bernardo do Campo12 famílias tiveram de deixar os imóveis onde moravam por causa da obra do trecho Sul do Rodonael, de acordo com os moradores.

FONTE: G1 

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