Sambista Nelson Sargento morre no Rio aos 96 anos

Baluarte e autor de sucessos como 'Agoniza, mas não morre', sambista foi diagnosticado com Covid, quando já estava internado no Instituto Nacional do Câncer.
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“Samba,

Agoniza mas não morre,

Alguém sempre te socorre,

Antes do suspiro derradeiro.”

Estes são alguns dos versos que tornaram célebre para o mundo do samba o artista Nelson Sargento, que morreu na manhã desta quinta-feira (27), aos 96 anos, no Rio de Janeiro.

Presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira e autor de sucessos como “‘Agoniza, mas não morre” (1978), o sambista estava internado no Instituto Nacional do Câncer (Inca), desde quinta-feira (20).

Segundo o hospital, Nelson Sargento chegou ao Inca com um “quadro de desidratação, anorexia e significativa queda do estado geral. Ao chegar na unidade, foi realizado o teste de Covid-19, que apontou positivo.” Leia no final da reportagem a íntegra da nota do Inca.

Nelson Sargento durante ensaio fotográfico na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em setembro de 2014  — Foto: Claudia Martini/Enquadrar/Estadão Conteúdo/Arquivo

Nelson Sargento durante ensaio fotográfico na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em setembro de 2014 — Foto: Claudia Martini/Enquadrar/Estadão Conteúdo/Arquivo

Ainda segundo a nota, o sambista era paciente do Inca desde 2005 quando foi diagnosticado e tratado de um câncer de próstata.

A família de Nelson Sargento informou que não haverá velório e o corpo será cremado em cerimônia restrita por causa da pandemia.

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Nelson Sargento participa de ato em defesa do carnaval no Museu do Samba — Foto: Raphael Perucci / Museu do Samba

Nelson Sargento participa de ato em defesa do carnaval no Museu do Samba — Foto: Raphael Perucci / Museu do Samba

Uma de suas últimas aparições em público foi em 12 de fevereiro, no Museu do Samba, em um manifesto em defesa do carnaval — cancelado este ano por causa da pandemia.

“Todos nós estamos um pouquinho tristes por não ter desfile, mas foi melhor assim. Temos que estar todos vacinados para fazermos um grande carnaval em 2022”, disse o compositor na ocasião.

No dia 26 de fevereiro, o compositor recebeu a segunda dose da vacina contra a Covid-19 em casa. A primeira dose tinha sido aplicada, em um ato simbólico no dia 31 de janeiro, no início da imunização de idosos na cidade.

Segundo os epidemiologistas, nenhuma vacina é 100% eficaz, mas as chances de uma pessoa vacinada ser infectada pelo vírus é muito menor do que a de quem não foi vacinado.

A proteção máxima só é alcançada quando grande parte da população está imunizada e o vírus para de circular.

“As pessoas têm muita dificuldade de entender qual é a função de uma vacina”, diz Natalia Pasternak, bióloga e divulgadora científica brasileira, fundadora e primeira presidente do Instituto Questão de Ciência. “Elas acham que a vacina é mágica. Ou seja, tomou a vacina, está protegido; não tomou, vai ficar doente. Não é assim que vacinas funcionam.”

Nelson Sargento tomou a segunda dose da vacina contra a Covid-19 nesta sexta-feira (26) — Foto: Reprodução/ Redes sociais

Nelson Sargento tomou a segunda dose da vacina contra a Covid-19 nesta sexta-feira (26) — Foto: Reprodução/ Redes sociais

Obra imortal

 

Selo em GIF – Nelson Sargento — Foto: Arte/G1

Nascido em 25 de julho de 1924, na Praça XV, Centro do Rio de Janeiro, Nelson Mattos ganhou o apelido de Nelson Sargento depois de servir o Exército por 4 anos.

Nelson Sargento foi cantor, compositor, pesquisador, artista plástico, ator e escritor.

A música surgiu na adolescência, mas foi apenas com 31 anos que o torcedor do Vasco da Gama compôs seu primeiro sucesso.

Com Alfredo Português, em 1955, Nelson Sargento escreveu ‘Primavera’, samba-enredo da Mangueira que também ficou conhecido como ‘As quatro estações’. Até hoje, muitos consideram este um dos sambas mais bonitos de todos os tempos.

O amor pela verde e rosa o acompanhou ao longo da vida. O sambista era Presidente de Honra da escola desde 2014, quando completou 90 anos.

Nos anos 60, Sargento integrou o grupo A Voz do Morro, ao lado de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho.

Entre seus parceiros musicais estão Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Pedro Amorim, Daniel Gonzaga e Rô Fonseca.

Durante anos, só o seu trabalho de compositor ficou conhecido de vários intérpretes. Em 1979, aos 55 anos, ele gravou seu primeiro disco solo. Na lista de centenas de composições que Nelson Sargento escreveu estão:

  • Agoniza, mas não morre;
  • Cântico à natureza;
  • Encanto da paisagem;
  • Falso amor sincero;
  • Século do samba;
  • Acabou meu sossego.

 

Literatura e cinema

 

O mestre do samba ainda escreveu os livros “Prisioneiro do Mundo” e “Um certo Geraldo Pereira”.

No cinema, ele atuou nos filmes “O Primeiro Dia”, de Walter Salles e Daniela Thomas, “Orfeu”, de Cacá Diegues, e “Nélson Sargento da Mangueira” de Estêvão Pantoja.

Esse último rendeu ao sambista o Kikito, no Festival de Gramado, pela melhor trilha sonora entre os filmes de curta metragem.

Fonte: G1

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