A apresentação destaca a atuação do ex-juiz na Operação Lava Jato.
Moro é apresentado pela consultoria como um especialista em liderar investigações anticorrupção complexas relacionadas a crimes de colarinho branco, lavagem de dinheiro e crime organizado.
O ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) fala em painel no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça Fabrice Coffrini/AFP
Uma das empresas investigadas é a Odebrecht, que assinou um acordo bilionário para cooperar com as investigações a partir de 2016.
Pelo Twitter, nesta segunda-feira (30), Moro destacou a contratação e disse que não há conflitos de interesse na atuação, já que não vai atuar na advocacia.
“Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”, escreveu.
Via assessoria, a empresa explicou que o papel de administrador judicial, como o que exerce em relação à Odebrecht, não envolve o processo ao qual a empresa foi submetida, mas a fiscalização, acompanhamento de prazo e ações, funcionando como “olho” do juiz para garantir que a recuperação judicial está sendo conduzida de forma correta.
Destacou também que a empresa possui sete diferentes áreas de atuação, entre elas a de administração judicial, mas que Moro atuará especificamente nas disputas societárias e financeiras em diversos segmentos e projetos de empresas que precisam estruturar processos, sistemas e governança de forma a prevenir fraudes.
O ex-ministro fará parte de uma equipe que já conta com vários outros ex-funcionários de governos, como Steve Spiegelhalter, ex-promotor do Departamento de Justiça dos EUA; Bill Waldie, agente especial aposentado do FBI, a polícia federal americana; Anita Alvarez, ex-procuradora do condado em que está localizada a cidade de Chicago, nos EUA; e Robert DeCicco, ex-funcionário civil da NSA, Agência de Segurança Nacional americana.
O juiz federal Sérgio Moro, ao lado do apresentador Luciano Huck. No início de novembro, os dois começaram conversar sobre uma possível aliança para as eleições presidenciais de 2022Pedro Ladeira-19.abr.2017/Folhapress
“A experiência de Sergio como ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, somada à sua extensa bagagem anticorrupção, crime do colarinho branco e lavagem de dinheiro, contribuirá para solucionar os problemas dos clientes”, disse Steve Spiegelhalter, sócio-diretor da consultoria.
Enquanto juiz federal em Curitiba, em junho de 2015, Moro ordenou a prisão do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, em uma das fases da Lava Jato. Em março do ano seguinte, também condenou Marcelo a 19 anos e quatro meses de prisão por crimes como corrupção e organização criminosa.
Na sentença, Moro considerou que Marcelo repassou R$ 109 milhões e US$ 35 milhões em propina a agentes da Petrobras.
“O comportamento adotado pela Odebrecht e por seu presidente Marcelo Bahia Odebrecht não é consistente com o que seria esperado da empresa e de executivo que de fato não tivessem responsabilidade pelas contas secretas no exterior e com o pagamento através delas de propinas. O comportamento esperado seria o de reconhecer a falta e identificar dentro da corporação os executivos individualmente responsáveis por comprometer o nome e a reputação da companhia”, escreveu em um trecho da sentença.
Meses mais tarde, em maio de 2016, por falta de provas, o magistrado rejeitou outra denúncia contra Marcelo, acusado pelo Ministério Público Federal de pagar propina para evitar ser convocado a depor na CPI da Petrobras, no Congresso.
Já em dezembro daquele ano, Marcelo Odebrecht fechou acordo de colaboração com o Procuradoria-Geral da República.
Um ano depois, em dezembro de 2017, após dois anos e meio na prisão, o empresário saiu da cadeia e passou a cumprir a pena de prisão domiciliar. Em setembro do ano passado, ele foi beneficiado com a progressão de regime e, atualmente, não cumpre mais prisão domiciliar.
Procurada, a assessoria da Odebrecht afirmou à Folha que não comentaria o caso.
Fonte: Folha de São Paulo